segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Caderno de Campo


Desenho de um Quercus suber no Caderno de Campo, uma fotografia da autoria do amigo e pintor Telmo Alcobia por ocasião da exposição dos alunos do Mestrado de Desenho da FBAUL com os nossos trabalhos da cadeira de Desenho Científico na Reitoria da Universidade de Lisboa, este ano.

Uma coisa que esta disciplina me ajudou a complementar de uma forma mais sistemática foi este pequeno objecto, pois o meu método de recolha de material no campo consiste em duas etapas: A primeira, pelo nascer do sol, fazer fotografia no meio do Montado até às 9.00 horas, depois com as alterações das sombras e do cromatismo da luz, aquilo a que eu chamo a tecitura atmosférica, é hora para a segunda fase de trabalho, o desenho. Pego num monte de folhas de diversos tipos de papel, ou em velhas agendas de escritório que utilizo para desenhar no local com diversos riscadores (lápis de grafite, pastel seco, lápis-de-cor) e carvão encontrado no próprio local. Carvão este recolhido de troncos de árvores carbonizados por faíscas de relâmpagos. A memória calcinada de tempestades de outros dias menos convidativos ao passeio. O Caderno de Campo é assim uma forma mais destilada, de registo, destilada pela organização da composição, da matéria do papel que lhe serve de suporte. É um complemento, uma mais valia.
Mas, confesso, vou continuar igualmente com as velhas agendas, cujo suporte, nada destilado, está contaminado de riscos, letras e velhos rabiscos, quem sabe garatujados à pressa numa qualquer noite de tempestade, de relâmpagos que prometem o sacrifício arbóreo para que eu, nos dias de sol, me deleite com o desenho.

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